ATA DA QUINTA SESSÃO
EXTRAORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 08.12.1997.
Aos oito dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezoito horas e vinte e nove minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria do Rosário, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães e Sônia Santos. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e registrou o falecimento, ontem, da Senhora Claudete Kaufmann, integrante do Diretório nº 160 do PDT. A seguir, foram apregoadas as Emendas de nºs 01, de autoria do Vereador Nereu D'Ávila, apostas aos Projetos de Resolução nºs 39 e 40/97 (Processos nºs 3657 e 3658/97). Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Ruas prestou sua homenagem à Senhora Claudete Kaufmann, falecida no dia de ontem, declarando que a militância política de Sua Senhoria representa um importante símbolo de luta do PDT na construção de uma sociedade melhor. Na ocasião, o Senhor Presidente solicitou ao Vereador Pedro Ruas que seu pronunciamento fosse considerado também como em nome da Mesa Diretora dos trabalhos. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib solidarizou-se com a Bancada do PDT pelo falecimento da Senhora Claudete Kaufmann. Teceu críticas à realização da presente Sessão, afirmando que a matéria constante da mesma necessitaria de estudos muito mais aprofundados e analisando, em especial, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 11/97, o Projeto de Lei do Executivo nº 61/97 e o Projeto de Resolução nº 42/97. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 11/97, o Projeto de Lei do Executivo nº 61/97, este discutido pelos Vereadores João Dib, Reginaldo Pujol e Pedro Américo Leal, e o Projeto de Resolução nº 42/97; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 27/97, os Projetos de Lei do Executivo nºs 57, 58 e 59/97, os Projetos de Resolução nºs 41, 39 e 40/97, os dois últimos discutidos pelos Vereadores João Dib e Reginaldo Pujol, e o Projeto de Lei do Legislativo nº 203/97. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Adeli Sell, reportando-se ao pronunciamento do Vereador João Dib, acerca da matéria constante da presente Sessão Extraordinária, teceu considerações sobre o Projeto de Lei do Executivo nº 61/97, defendendo a importância da reestruturação do trânsito de Porto Alegre, para sua adaptação ao novo Código Brasileiro de Trânsito. Às dezenove horas e nove minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Reginaldo Pujol e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Estão abertos os trabalhos
da 5ª Sessão Extraordinária.
Os Srs.
Vereadores receberam o espelho, temos diversos Projetos em segunda Sessão na
Pauta, Discussão Preliminar, e outros em terceira Sessão.
A Mesa recebeu
uma informação do Ver. Pedro Ruas e do Ver. João Motta. Também uma notícia ruim
que não gostamos de dar, faleceu uma pessoa de bastante militância e
participação, membro do Diretório nº 160 do PDT, Sra. Claudete Kaufmann. A Mesa
transmite os pêsames desta Casa aos familiares e companheiros do PDT, em
especial.
Apregoamos as
Emendas de nºs 01 ao PR 39/97, Proc. nº 3657/97 e ao PR 40/97, Proc. nº
3658/97.
O Ver. Pedro
Ruas está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo PDT.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero,
inicialmente, agradecer ao Ver. João Motta e ao seu Assessor, companheiro
Frederico, pela lembrança e o registro sobre a vida e o falecimento da
companheira e dirigente municipal do PDT, Claudete Kaufmann, ex-funcionária
desta Casa, que na sua breve jornada em nossa existência, uma pessoa na faixa
dos 30 anos, faleceu agora, deixando para todos nós um exemplo de dedicação ao
trabalhismo, com uma militância diuturna na construção e afirmação do PDT em
Porto Alegre, e que merece, em função disso, toda e qualquer homenagem que o
Partido ou os partidos lhe façam. Este registro que fazemos, neste momento, é
com profundo pesar, pois a Claudete e seu esposo, o Haroldo Britto, o kiko,
foram e são símbolos importantes do PDT em Porto Alegre. A perda da Claudete
nos deixa uma dor muito grande.
Quero, então,
registrar esse agradecimento pela gentileza da lembrança do Ver. João Motta, e
pela oportunidade de me manifestar antes do Ver. João Dib, que estava inscrito,
para lembrar e homenagear a companheira Claudete Kaufmann, que deixa um exemplo
importante no nosso meio político. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa solicita, Ver. Pedro Ruas, que o
pronunciamento de V. Exa. seja também em nome da Mesa Diretora e,
conseqüentemente, em nome desta Casa.
O Ver. João Dib
está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Bancada
do Partido Progressista Brasileiro se associa aos pêsames da família enlutada
de Claudete Kaufmann.
Mas, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, esta Sessão Extraordinária é a Sessão da afronta,
é a sessão daquilo que não pode acontecer em um Legislativo organizado, como é
o Legislativo de Porto Alegre. Estão na Pauta para discussão 11 Projetos. Cada
um valeria três Sessões inteiras para serem discutidos. Vejam V. Exas. que o
Prefeito desrespeitosamente manda um Projeto de Lei que altera o sistema de
transporte no Município, aproveitando o Código Nacional de Trânsito. Parece-me
que algo estranho e obscuro existe nisso. Se ele precisa se adaptar ao Código
Nacional de Trânsito que entra em vigor no dia 23 de janeiro, ele poderia tê-lo
feito desde o dia 23 de setembro, quando o Código foi editado. Mas cuidar só do
trânsito, e não nos forçar a estudar algo que é absolutamente difícil, se não
impossível. E é tão difícil e quase tão impossível que o Prefeito manda o
Projeto em um dia e no outro dia já apresenta Mensagem Retificativa para dois
artigos. Ou seja, ele não sabe o que fazer e quer que o façamos em poucos
minutos aqui. Os erros, nós não os vamos assumir.
Eu acho um
absurdo esta Sessão Extraordinária. Como absurdo eu acho fazer uma Sessão
Extraordinária de Pauta para correr Projetos da Mesa Diretora, que eu já
reclamei e volto a reclamar, que cria e extingue cargos.
Propus, no
início do ano, já que 19 Vereadores eram beneficiados com mais cargos que os
outros 14, que se extinguissem 22 cargos. Agora, a Mesa propõe que se extingam
22 e se criem 31, para, segundo a Mesa, compensar aqueles que hoje têm menos
assessores nas suas Bancadas. Cria, e extingue cargos no quadro em Comissão e
Funções Gratificadas na Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras
providências. Eu já disse na Sessão passada que o que tínhamos que fazer era um
Plano de Carreira. O Executivo Municipal vem prometendo, há seis anos, um Plano
de Carreira para os seus servidores e não o fazem. Nós também não fazemos, mas
aqui nós não fazemos "trenzinho estranho". Eu não penso que deva ser
assim, apressadamente, e só temos a Sessão de quarta e de sexta, porque, na
realidade, a Sessão da próxima segunda-feira deverá ser para eleger uma nova
Mesa, se o acordo que por aí existe for cumprido. Assim, há uma série de
Projetos, como um Projeto do Ver. Lauro Hagemann - sem falar nos incentivos da
III Perimetral que a Prefeitura teve nove anos para estudar, mas que está
fazendo agora nos últimos nove minutos - que altera o Código de Edificações. Eu
sei que o Ver. Lauro Hagemann é um estudioso no assunto, mas não dá para os
Vereadores, sem mais nem menos, fazerem uma Reunião Extraordinária em que se
pede para que não haja encaminhamento, em que não se discutam as matérias,
apenas para correr Pauta. Isso é desaforo! Eu não vou aceitar esse tipo de
coisa. Eu venho aqui todos os dias em que há Sessão, a minha Bancada também e
eu não entendo por que o Executivo nos atropela com matéria da mais alta
relevância, quando vamos decidir sobre a vida da comunidade porto-alegrense, e
nos dá alguns minutos para decidir.
Eu volto a
dizer, quanto ao Projeto do trânsito, ele que faça em duas partes: uma do
trânsito e outra do transporte coletivo. Ou ele quer fazer uma nova intervenção
de forma velada, já que não pagou os desatinos daquela intervenção de Olívio
Dutra? Na Justiça, foram vencidos, na Justiça os Precatórios aconteceram e a
Prefeitura procura ludibriar a todos para que não haja pagamentos. Quem sabe
fazemos uma empresa para administrar a receita do transporte coletivo para que
a Prefeitura possa ganhar mais? Saúde e paz.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos ao período de
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
2ª SESSÃO
PROC. 3686/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 011/97, que institui o Plano de
Incentivos para permutas de índice construtivo nos imóveis atingidos pelo
traçado da Av. III Perimetral. (os
avulsos deste processo foram distribuídos sob nº 3648/97 - PLE nº 060/97 -
alterado por adequação à forma de tramitação)
PROC. 3676/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 061/97, que dispõe sobre o sistema
de transporte e circulação no Município de Porto Alegre, adequando a legislação
municipal à federal, em especial ao Código de Trânsito Brasileiro, e dá outras
providências.
PROC. 3680/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 042/97, de autoria do Ver. Nereu
D’Ávila, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Jorge
Verardi.
3ª SESSÃO
PROC. 3482/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 027/97, de autoria do Ver. Lauro
Hagemann, que altera a Lei Complementar nº 284/92, alterada pela Lei
Complementar nº 388/96, que institui o Código de Edificações de Porto Alegre, e
dá outras providências.
PROC. 3490/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 057/97, que dispõe sobre a
desvinculação do Município, suas Autarquias, Sociedades de Economia Mista e
Fundação do Programa Federal de Formação do Patrimônio do Servidor Público -
PASEP.
PROC. 3563/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 058/97, que declara de utilidade
pública a Associação de Portadores de Fissuras Lábio-Palatais do Rio Grande do
Sul - APOIRGS.
PROC. 3564/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 059/97, que declara de utilidade
pública a Kinder Physioglobal - Sociedade Assistencial de Reabilitação.
PROC. 3657/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 039/97, de autoria da Mesa
Diretora, que cria e extingue cargos no Quadro dos Cargos em Comissão e Funções
Gratificadas da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.
(cargos diversos)
PROC. 3658/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 040/97, de autoria da Mesa
Diretora, que cria e extingue cargos no Quadro dos Cargos em Comissão e Funções
Gratificadas da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.
(Auxiliar Parlamentar e Assistente Parlamentar)
PROC. 3659/97 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 041/97, de autoria da Mesa
Diretora, que reorganiza os serviços administrativos da Câmara Municipal de
Porto Alegre e dá outras providências.
PROC. 3454/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 203/97, de autoria do Ver. Reginaldo
Pujol, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor
Ângelo Gerace.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o PT já
havia pedido Liderança, mas prefere que eu fale primeiro para que possa rebater
aquilo que eu devo dizer. Eu vou-me referir a um Processo que está na Pauta, na
2ª Sessão, que é o Projeto da Prefeitura, que dispõe sobre o sistema de
transporte e circulação no Município de Porto Alegre, adequando a legislação
municipal à federal, em especial ao Código de Trânsito Brasileiro e dá outras
providências. Este monte de papel é o Projeto da Prefeitura, e de útil, decente
e bom é o fato de que eles colocaram uma cópia do Código Nacional de Trânsito,
como diz o Ver. Pedro Américo Leal, mas nós temos que discutir o Código que
entra em vigor no dia 23 de janeiro de 1998, cuja fiscalização passa para o
município. Absolutamente correto! Quem planeja deve fiscalizar. Essa é uma
regra normal. Eu creio que deveria ter, por parte da Prefeitura, e eu até
entenderia a urgência porque sou um homem de boa vontade, sido mandado há um
mês e meio, mas eu entenderia se fizessem hoje, fiscalizar o trânsito. Agora,
manusear, intervir no transporte coletivo urbano, não mesmo! Isso vai ter que
ser muito mais estudado.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exa. reclamou do pouco tempo para apreciar o
Processo inicialmente, mas, agora já fez uma avaliação de mérito e já disse que
pode apreciá-lo. Então, não é tão complicado assim.
O SR. JOÃO DIB: Nobre Vereador, muito obrigado pelo aparte
brilhante de V. Exa. Acontece que eu fui Secretário dos Transportes duas vezes.
Eu fui Prefeito desta Cidade e fui, por 10 anos, Assistente Técnico da
Secretaria de Transportes. Se eu precisasse ler cada linha dessa
"coisa", eu ficaria assustado; mas, mesmo com o conhecimento que
tenho, tenho dúvidas do que aqui está. A Empresa Pública de Transporte e
Circulação, órgão de planejamento, gerência, controle e fiscalização do sistema
de transporte público e de circulação, em especial, a fiscalização do trânsito
e a gestão da Câmara de Compensação Tarifária do Serviço de Transporte Coletivo
- ele mistura um pouco trânsito com transporte coletivo -, mas, na parte do
dinheiro, faz a mesma coisa como fez a intervenção: levou as empresas à
falência. Não pagou o ISSQN que cabia à Prefeitura e está cobrando na Justiça!
E eles faziam a intervenção durante um ano e não pagam os precatórios aos que
venceram na Justiça. Isso é lesar. Isso, na página 4.
Depois de dizer
que está fazendo isso, vem o artigo 5º dizendo que fica o Executivo Municipal
autorizado a constituir e organizar uma empresa pública, sob a forma de
sociedade anônima, denominada de Empresa Pública de Transporte de Circulação a
qual será o órgão executivo e rodoviário do Município. É diferente da outra,
mas a destinação é a mesma, é tomar o dinheiro do transporte coletivo e colocar
nos cofres da Prefeitura, como faz hoje a Carris, que não paga o repasse
devido. Não paga. E deva-se em benefício da Administração do Partido dos
Trabalhadores que eles tomaram, no passado, a iniciativa de pagar o repasse da
Carris que não estava sendo pago. Mas, agora, quando tem que devolver cerca de
400 mil ele se contenta, quando devolve, com cerca de 100; então, a coisa fica
muito difícil. O Diretor da Carris diz que eram 140, - eu perguntei, - mas tem
que ser quase 400.
É por isso que
compram ônibus com a tarifa das outras empresas. Isso é muito sério. De
qualquer forma, sou contra aquelas criações de cargos e alterações aqui na
Câmara Municipal. E isso não estou manifestando hoje, pois já manifestei na
reunião de terça passada quando as Lideranças estiveram presentes. Saúde e paz,
e espero que a próxima convocação extraordinária, um minuto após o término
desta, não se realize porque acredito na seriedade dos meus companheiros.
Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Não há dúvida de que, lamentavelmente até, é de tradição da Casa
essas Sessões Extraordinárias com a finalidade de dar vazão, na Pauta, a
processos que são trancados durante o ano e que, estranhamente, aparecem no
apagar das luzes do ano legislativo. A Casa deve lembrar que, em maio do
corrente ano, eu fazia esse alerta, de que não me comprometia com Projetos que
viessem para cá depois do dia 15 de novembro, com os quais eu não tinha o
compromisso de votar e, se votasse, votaria contrariamente. E vejo o Ver. João
Dib falar sobre uma série de situações que eu não sei como ele conseguiu
estudar, porque ainda não tive oportunidade, sequer, de ler esse Projeto que
ele já comenta com mais intensidade.
Então, se sou
aliado do Ver. João Dib nas críticas à forma como se pretende que a Casa decida
sobre o sistema de transporte e circulação do Município de Porto Alegre,
adequando a legislação municipal à federal e, em especial, ao Código de
Trânsito Brasileiro que dá outras providências, e que envolve a criação de uma
nova empresa pública, se sou solidário com o Ver. João Dib nesse particular,
não posso deixar de manifestar, tranqüilamente, a minha posição de discordância
do mesmo quando ele investe sobre propostas que a Mesa faz tramitar na Casa,
que foram amplamente discutidas durante vários meses e que envolvem
contribuições expressivas de Vereadores do brilho, da capacidade intelectual e
de experiência parlamentar como o Ver. Pedro Américo Leal, que contribuiu nesse
sentido e o fez com o seu brilho de sempre. Digo, com toda tranqüilidade, que
existem Projetos aqui tramitando que mexem nessa estrutura da Câmara, esse que
fala sobre a proporcionalidade das Bancadas terem uma maior ou menor
assessoria, que só não cria novos cargos para duas Bancadas na Casa,
coincidentemente a Bancada do Partido Popular Socialista, do Ver. Lauro
Hagemann e a Bancada que nós integramos, as Bancadas de um só Vereador. Nem por
isso eu deixo de reconhecer a validade dessa proposta, com a honestidade que
tem que caracterizar os atos que nós, os Vereadores, devemos realizar no
desempenho do nosso mandato, devo dizer que o Ver. João Dib, neste particular
se equivoca, estou discordando porque realmente esta Câmara Municipal sempre
teve a tendência de se apequenar e nunca de se aprimorar neste particular de
assessoramento. Não vejo, nesse Projeto de Lei, do qual a minha Bancada não
levará vantagens, nenhuma espécie de "trenzinho", nada que possa
deixar estupefatos os integrantes do Legislativo, nada que possa ser confundido
com essas propostas do Executivo que no apagar das luzes, são encaminhadas para
cá. São situações distintas e, como tais merecem ser enfocadas.
O Sr. João Dib: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, V. Exa., como segundo Vice-Presidente, é membro da Mesa.
Não sei se V. Exa. sabe que a Casa tem 106 funções gratificadas para 296
servidores efetivos, muitos dos quais já têm incorporada função gratificada.
Então, o que se precisa é um Plano de Carreira e não o que está sendo proposto
aqui para um estudo rápido demais como se pretende agora.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço o aparte de V. Exa.
Lamento não poder aprofundar a discussão nesse sentido com o Ver. João Dib.
Discordar dessas propostas é um direito e até um dever daqueles que discordam. Não
quero que entendam que eu possa ter contribuído para que iniciasse o desfile de
algum trem-da-alegria aqui nesta Casa. Com a tranqüilidade de quem dele não se
beneficia, quero dizer que isso não é trem, mas correções de rumo que a Casa,
em boa hora, está proporcionando. Se as funções gratificadas estão em excesso
nesta Casa, vamos examinar o problema, mas não se diga que isso está sendo
feito de maneira açodada, porque estamos, há anos, discutindo esse assunto sem
uma solução. Agora mesmo o Ver. João Dib cobrava que há meses ele fazia uma
proposta que não entendemos que fosse a melhor solução e baseando-se na
proposta dele chegamos a outro tipo de solução. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra em
Comunicação de Líder, pelo PT.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós já
tínhamos manifestado, anteriormente, a nossa preocupação acerca de cobranças
aqui realizadas sobre a denominada pressa do Poder Público Municipal desta
Cidade em discutir alguns projetos e tentam passar a idéia de que queremos, de
roldão, aprovar uma série de projetos. Isso não é verdadeiro, porque hoje
aprovamos inúmeros projetos legislativos de Vereadores. Na Pauta há projetos do
Executivo, dos Vereadores, e Projeto de reestruturação inclusive desta Casa.
Quanto ao
Projeto que trata, fundamentalmente, do transporte, do trânsito desta Cidade,
queremos reafirmar aqui que fomos pressionados por uma agenda que não foi a que
nós escolhemos, ela nos foi imposta pelo atraso com que o Código Brasileiro de
Trânsito foi aprovado. Reconheço o mérito da intervenção do Ver. João Dib no
que se refere a diferenciar a questão do trânsito e do transporte, mas seria
muito ruim separar estes dois
Projetos, porque, na verdade, nós estamos discutindo uma nova gestão na
Secretaria Municipal de Transporte, que trata do trânsito, do transporte
coletivo, da circulação, das linhas de ônibus e trata, inclusive, da criação de
uma Empresa Municipal.
Nós, ao
criarmos uma Empresa Municipal, nós estaremos realizando o que várias
Administrações, de forma moderna, de forma hábil, têm realizado em outras
cidades. Nós não estamos criando nenhuma anormalidade, não estamos inventando a
roda, nós estamos nos adaptando a uma realidade do mundo de hoje que exige
outras questões na Secretaria Municipal de Transporte da nossa Cidade.
Dito isto, eu
quero dizer aos Srs. Vereadores que temos a preocupação de discutir sem deixar
dúvidas, porque, se houver algum problema acerca da compreensão dos Projetos em
Pauta, particularmente do sistema de circulação e transporte da cidade, o nosso
Secretário Municipal, a nossa Assessoria na Secretaria está disposta a vir e
conversar aqui. Há tempo para fazê-lo. Se for necessário, o Ver. João Dib tem
experiência, já foi Secretário duas vezes, foi técnico muitos anos,
evidentemente que tem uma compreensão sobre este assunto, maior do que este
Vereador de primeira Legislatura, inexperiente nesta área, mas que tem
preocupações e foi, inclusive, nesta semana, buscar subsídios na Secretaria
para poder discutir e disputar a nossa visão que queremos dar para esta questão
na Cidade. Eu, então, coloco estas questões para consideração dos nobres
colegas, aqui, desta Câmara. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra,
para discutir a Pauta.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nós estamos vivendo, aqui, este fim de ano e eu já estou acostumado
a vivenciar épocas como essa. Na Assembléia Legislativa, por 16 anos, e, aqui,
por 5 anos. Este melancólico apagar de luzes do ano legislativo. Há muitas
razões que me ocorrem em tachar de melancólico o fim do ano legislativo, mas,
por quê? Porque esta Casa incidiu em um grave erro por não ter tido coragem de
dizer não a um projeto de lei que foi, se não me engano, do meu querido e
companheiro camarada João Dib. O que dizia esse projeto de lei? Acho eu, não
estava aqui, não sei se é do Isaac Ainhorn, a convocação extraordinária com
pagamento dos Vereadores por parte do Poder Público quando a culpa dos projetos
não virem para cá for do Executivo.
Vejam, trago um
calhamaço e aqui tenho outro calhamaço que deve vir da Saúde e que estou
interessado em discutir, em encaminhar e até em aprovar e por quê? Porque são
projetos do Executivo. O que o Legislativo tem a ver com isso? O Legislativo
deslocou todas as sessões para esta sala e não houve quase falta de vereador,
mas os vereadores abriram mão, como abrem mão de quase tudo que têm, e qualquer
dia vão abrir mão de suas poltronas e sentam no chão perguntando ao público e à
imprensa se têm mais alguma coisa para dar. O que falta mais para dar? O que os
Senhores querem que nós entreguemos? É uma fisionomia tacanha, medrosa,
ridícula do Poder Legislativo. Eu não apóio isso.
Como todos
sabem eu vim da Força Armada que é criteriosa, precisa com tudo que se diz
relacionado com despesas por parte da União. Não jogamos nada fora. Nós
escrevemos do outro lado do papel, mas nem por isso deixamos de ter o pagamento
das horas que trabalhamos. O que faz o Poder Legislativo? Entrega horas de
trabalho a troco de nada e agora o que se vê é que o Executivo não manda os
projetos para cá porque não os apronta, remete na última semana e nós somos
obrigados a decidir coisas, assuntos, matéria por demais complexa, em minutos.
O Ver. João Dib veio aqui dizer que não leu, eu também não li. Esse
encaminhamento que tem aqui dessa organização do sistema de transporte e
circulação tem 10 capítulos, 16 folhas. Ora, Sr. Presidente, o que eu fiz hoje?
Amanhã, eu tenho que relatar o Regimento. Quase não encontro tempo para relatar
as alterações do Regimento. Eu não posso, e acredito que os demais Vereadores
também não podem, e, no entanto, insistimos nisso. Onde está o erro? O erro
está em que toda a Casa Legislativa que é convocada, é convocada com despesa
para a União para provar ao Executivo que ele deveria enviar os projetos e não
os enviou. Ver. Juarez Pinheiro, V. Exa. é Advogado e sabe, perfeitamente,
isso, que todas as horas de trabalho de uma profissão liberal é paga, até como
castigo porque não foi enviado aquilo que deveria ter sido enviado. V. Exa.,
Ver. Reginaldo Pujol, sabe que o que estou proferindo não é simpático, mas é
justo. Estamos diante dessa novidade: matéria que nos é enviada pelo Executivo
e que não temos, absolutamente, tempo para decidir, então convocamos uma Sessão
Extraordinária em cima da outra. São 19h07min e nós não podemos, sequer dizer
que conhecemos a matéria que vamos votar. Está certo isto? Claro que não. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Quero, como Presidente da Mesa e desta Casa,
dizer que gostaria de assinar embaixo do discurso do Ver. Pedro Américo Leal,
que interpreta de uma forma serena um processo transparente, límpido, que
estamos fazendo nesta Casa. Ninguém aqui tem vergonha do que está fazendo,
estamos fazendo o que precisa fazer, com transparência e com democracia.
Não há mais
inscrições para a Pauta.
Estão
encerrados os trabalhos.
(Encerra-se
a Sessão às19h09min.)
* * * * *